Em mais um caso de ataque ao trabalho da imprensa, duas equipes de reportagem – TV Aratu e TV Bahia – foram agredidas neste domingo (12) em Itamaraju, Extremo Sul do Estado, por seguranças e apoiadores do presidente Jair Bolsonaro. Durante o episódio, mais um que se soma ao rol de fatos idênticos que envolvem este governo autoritário e violento, os colegas Chico Lopes e Dario Cerqueira (Aratu) e Camila Marinho e Clesriton Santana (Bahia) foram atacados para impedir que eles se aproximassem do presidente.
Segundo noticiou o Correio 24h, um dos seguranças segurou a repórter Camila Marinho pelo pescoço, com a parte interna do antebraço, numa espécie de “mata-leão” e teve a pochete roubada na confusão, que foi recuperada depois. Já o repórter Chico Lopes levou um tapa de outro segurança, quando a equipe do presidente tentou impedir que os jornalistas das duas emissoras erguessem os microfones em direção a Bolsonaro. Um apoiador atacou os microfones das equipes e rasgou a espuma que cobria o da TV Bahia, além de ameaçar desferir um soco em direção aos colegas.
Este comportamento agressivo do presidente e seus apoiadores não é novidade. Se há algo novo é que as ações estão se tornando cada dia mais explícitas e violentas. É da natureza deste governo e do bolsonarismo como corrente política a prática da intimidação e violência contra quem não o apoia da forma cega como faz parte de seus seguidores.
Na raiz da violência do presidente, seguranças e seguidores, está a postura antidemocrática e autoritária que caracteriza esta corrente política e é sua forma de imposição e reconhecimento. Este governo elegeu a imprensa como inimiga porque quer se esconder da sociedade e omitir da população a tragédia que são os três anos da pior gestão presidencial da história democrática do país.
Segundo levantamento feito anualmente pela Fenaj, desde 2019 vem crescendo o número de ocorrências de ataques contra a imprensa, sendo que mais de 40% destes casos estão diretamente ligados ao presidente e seus apoiadores. É evidente que o clima de violência contra jornalistas tem relação íntima com as falas de Bolsonaro e seus filhos, que fazem um discurso a seus seguidores mais radicais indicando parte da imprensa e do jornalismo como inimigos do governo.
O Sinjorba e a Fenaj se solidarizam com os quatro colegas agredidos e exigem que o Supremo Tribunal Federal (STF) se posicione sobre estas atitudes do governo, que já são fruto de uma Ação do partido Rede Sustentabilidade na corte. As entidades também pedem uma postura mais firme das empresas de comunicação contra as agressões e na condenação das mesmas, inclusive exigindo reparação judicial. Sindicato e Federação também convocam a categoria a uma reação mais coletiva, lembrando que em 2022 teremos eleições e este comportamento violento pode ser recrudescido e trazer trágicas consequências.
Moacy Neves – Presidente do Sinjorba (Sindicato dos Jornalistas da Bahia)
Maria José Braga – Presidente da Fenaj (Federação Nacional dos Jornalistas)